Saltitamos de alegria!
Ficamos radiantes com a ideia de ter Terrance entre nós.
Terrance era um ótimo amigo e o admirávamos muito apesar dele ser um cachorro.
Solo tinha sido convidado pelo diretor do Museu Nacional de Colombo para investigar o caso da espada roubada.
Solo tinha a reputação de resolver tanto crimes internacionais como domésticos. Terrance era seu habilidoso assistente.
Eu sabia que obteria informações em primeira mão de Terrance e que talvez tivesse a oportunidade de ajudá-los a encontrar o culpado e recuperar a preciosa espada.
Eu já tinha feito isso antes.
Eu também estava ansiosa para saber como estava o resto da equipe da Inca & Cia em Londres.
Monk e Polo, coitados, deviam estar tristes por terem ficado para trás naquela Londres tão fria.
Segunda à tarde
Naquela tarde, ouvimos um estrondo do outro lado do muro do chalé.
Enquanto o resto do grupo ficou olhando, eu que sou a mais xereta, pulei o muro para tentar descobrir de que se tratava aquele barulho.
Quase caí do muro de tão surpresa.
Vi uma enorme criatura cinza mastigando folhas.
Eu estava alerta, prestes a pular, quando uma voz estridente disse:
– Olá! Que gatinho bonito! Qual é seu nome?
Uma versão miniatura da montanha cinza olhou para mim com um olhar maroto.
Era uma filhota de elefante que estava falando comigo, ao lado de sua enorme mamãe elefanta, que estava ocupada demais mastigando as folhas para reparar em minha presença.
Sem ousar descer para falar com a filhota, respondi, pensando comigo mesma que a pequena montanha tinha bom gosto:
– Olá, meu nome é Inca, e o seu?
– Meu nome é Meena. Por que você não vem aqui para a gente dar uma volta no lombo da mamãe?
Suei frio!
Descer para dar uma volta no lombo da mamãe elefanta?
E se a mãe da Meena me pegasse com aquela longa tromba?
● Eu seria esmagada como um inseto?
● Eu ficaria achatada como uma panqueca?
● Será que se a mamãe elefanta espirrasse, eu iria parar na China?
● Será que eu sobreviveria a um contato cara a cara com aquelas elefantas ENORMES?
Olhei de novo para Meena.
Ela tinha olhos brilhantes e um sorriso adorável naquela cara grande.
Mas aquela tromba que levava direto à boca era algo que não dava para ignorar.
Era uma baita tromba, daquelas que a gente vê e nunca mais esquece.
Era muito prática, ela se movia como se tivesse vida própria.
Fiquei observando aquela tromba, fascinada.
Aí, pensei comigo mesma, um passeio de elefante, por que não?
Seria um evento interessante para incluir em meu diário!
Aposto que nenhum gato em Paris ou Londres já montou em um elefante.
Além do mais, ainda tenho minhas sete vidas. Posso me dar ao luxo de arriscar uma delas.
Calculei a distância entre o muro e o lombo de Meena e pulei, usando minhas patas poderosas para aterrissar diretamente no lombo dela.
– Viva – exclamou Meena e a mamãe elefanta barriu bem alto. Um estrondoso som de aprovação.
O barrido foi tão alto que tenho certeza de que dava para ouvi-lo a dez quilômetros de distância.
Fiquei me sentindo um pouco envaidecida, pois a mamãe elefanta e sua filhota ficaram encantadas com meu salto acrobático.
De repente, Cara, Fromage e Charlotte (agarrada no pescoço de Fromage) apareceram no muro.
Eles devem ter ouvido o barrido e pensado que tinha acontecido alguma coisa comigo.
Quando me viram sentada no lombo de Meena ficaram espantados.
Apresentei minha família a Meena e a sua mamãe, e sem que nos déssemos conta, a mamãe elefanta usou sua tromba para levar Cara, um pouco assustada, delicadamente ao seu lombo.
Logo depois, Fromage e Charlotte também já estavam em seu lombo, e fomos todos fazer um passeio de elefante.
Foi muito divertido!
Nos sentimos como a realeza, vendo tudo de cima daquela mamãe elefanta tão gentil.
12 de junho
Terça de manhã
O céu amanheceu azul e brilhante no dia seguinte. Às seis da manhã, já estava claro e o sol já estava esquentando.
Estávamos na praia conversando com Rani, nossa amiga tartaruga, quando Mamãe apareceu.
– Hora de ir esperar o ônibus – disse Mamãe.
Nos despedimos rapidamente de Rani.
Entusiasmados para encontrar Terrance e Solo, devoramos nossa casquinha e fomos embora da praia correndo, passando pelo chalé.
Galopamos atrás de Mamãe, que avançava cautelosamente, pois sabia que poderia cruzar com vacas, riquixás e bicicletas pelo caminho.
A praça principal ficava no fim da rua sinuosa.
Mamãe nos guiou até o ponto de ônibus e disse: “Aí vem o ônibus”, quando ouvimos o barulho das rodas rangendo ao longe.
– Olha o Terrance – gritou Fromage, quando vimos a cara alegre de Terrance, no ombro de Solo, espiando pela janela do ônibus.
O ônibus comprido e empoeirado se aproximou lentamente e parou no ponto. Solo desceu com uma mala na mão, e Terrance veio logo atrás.
Terrance estava com a língua de fora, contente por sair do ônibus e poder esticar as patas.
Ele nos viu e começou a saltar e latir a nossa volta.
Mamãe só ouvia:
Au, au, au!
Mas o que Terrance estava realmente dizendo era:
– Olá, pessoal, estou muito feliz em revê-los.
Solo passou a mão na cabeça de Terrance para acalmá-lo e disse a Mamãe:
– Missy, você ainda não cumprimentou Terrance. É por isso que ele está pulando em você e lambendo sua mão.
– Terrance deve estar com calor e com sede. Temos que dar um pouco de água para ele.
Mamãe se abaixou, acariciou a cabeça de Terrance, e ele lhe deu sua pata direita para cumprimentá-la.
– Terrance, você merece um sorvete – disse Mamãe, e Terrance pulou de alegria.
Terrance cutucou Solo com seu rabo para apressá-lo, e voltamos para o chalé, caminhando pela mesma rua poeirenta, sob o sol quente.
Assim que chegamos, Mamãe e Solo puseram seus trajes de banho e foram direto para o mar.
Nós os seguimos e nos instalamos sob o grande guarda-sol.
Terrance ficou eufórico quando viu as ondas espumantes e se jogou na água junto com Mamãe e Solo.
Estava tão quente que ele tinha devorado o sorvete, além de ter bebido toda a água que Mamãe tinha posto para ele na tigela de uma vez só.
Eu nunca tinha visto Terrance tão feliz. Ele corria de um lado para outro, entrava na água e ficava pulando as ondas.
Ele finalmente saiu e veio até nós, todo molhado e sorridente.
– A água estava ótima – disse ele. – Vocês, gatos, não querem entrar na água?
– De jeito nenhum – respondemos em uníssono.
– A água está uma delícia – disse Terrance. – Quando eu estava no ônibus, só pensava em tirar meu casaco. Estava muito calor. Agora estou fresquinho.
Terça à tarde
Terrance conheceu Rani, nossa amiga tartaruga, naquela manhã e ficou comovido com o interesse que ela mostrou por ele.
Rani sabia tudo sobre Terrance, pois eu tinha contado para ela sobre a agência de detetives e as aventuras e mistérios que tínhamos vivenciado até agora.
Ela começou a achar a vida dela monótona comparada com a nossa. Ela estava encantada em conhecer Terrance e ouvir mais histórias sobre as aventuras dele.
Decidi apresentar Terrance a Meena e a sua mamãe.
O passeio de ontem no lombo delas tinha sido muito divertido.
Terrance ficou encantado em conhecê-las e puxou conversa com a mamãe elefanta.
Ficamos sabendo que a mamãe elefanta tinha um trabalho importante. Ela era contratada frequentemente para casamentos.
Sua função era levar, em seu lombo, os noivos até o local da cerimônia.
Meena e sua mamãe viviam em uma grande propriedade que pertencia a uma cingalesa rica, a Sra. Banda.
A Sra. Banda só vinha nos fins de semana, pois ela morava em Colombo.
Como sou curiosa, fui com Terrance dar uma espiadinha na casa da Sra. Banda, enquanto os outros ficaram brincando com Meena.
A casa era enorme e repleta de antiguidades.