"Isso não é exatamente o que eu chamaria de um passeio de barco romântico," ela diz, parecendo um pouco pálida, enquanto tenta se equilibrar no balanço do mar."Onde estamos exatamente? E o que é aquilo no horizonte?"
Sam se vira e olha para onde ela estava apontando. Ele não tinha visto isso antes. Ali, a poucas centenas de metros de distância, há uma ilha rochosa, que se projeta para fora do mar, com falésias altas, implacáveis. Ela parece antiga, desabitada, seu terreno rochoso e desolado.
Ele gira e examina o horizonte em todas as direções. Parece que aquela é a única ilha dentro de milhares de quilômetros.
"Parece que estamos caminhando rumo a ela," ele fala.
"Espero que sim," Polly responde. "Estou positivamente nauseada neste barco."
De repente, Polly se inclina para o lado e vomita, uma e outra vez.
Sam se aproxima e coloca uma mão reconfortante em suas costas. Polly finalmente se levanta, limpando a boca com as costas da sua manga e desviando o olhar, envergonhada.
"Desculpe," ela diz. "Essas ondas são implacáveis." Ela olha para ele, com culpa. "Deve ser pouco atraente."
Mas Sam não está pensando nisso de forma alguma. Pelo contrário, ele está começando a perceber que tem sentimentos mais fortes em relação a Polly do que jamais teria imaginado.
"Por que você está me olhando assim?" Polly pergunta. "Foi assim, tão horrível?"
Sam rapidamente desvia o olhar, percebendo que a estava encarando.
"Eu não achei tão horrível," ele responde, corando.
Mas ambos são interrompidos. De repente, vários guerreiros aparecem na ilha, de pé no topo de um penhasco. Um após o outro se aproxima, e logo o horizonte se enche deles.
Sam estende a mão, procurando saber que armas ele havia trazido com ele. Mas ele fica desapontado ao descobrir que não havia trazido coisa alguma.
O horizonte se escurece, com mais e mais guerreiros vampiros, e Sam pode ver que a maré está levando o barco deles direto até a ilha. Eles estão à deriva em direção a uma armadilha, e não há nada que eles possam fazer para evitar que isso aconteça.
"Olhe para isso," diz Polly. "Eles estão vindo para nos receber."
Sam os estuda com cuidado, e chega a uma conclusão muito diferente.
"Não, eles não estão," ele fala. "Eles estão vindo para nos testar."
CAPÍTULO TRÊS
Caitlin para diante da ponte de corda de Skye, com Caleb ao lado dela, e Scarlet e Ruth logo atrás deles. Ela observa a corda desgastada balançando violentamente, enquanto ouve o vento assobiando através das rochas e as ondas quebrando contra os rochedos centenas de metros abaixo deles. A ponte está molhada e escorregadia. Escorregar significaria morte instantânea para Scarlet e para Ruth, e Caitlin também não havia testado suas próprias asas ainda. Atravessar aquela ponte não é realmente um risco que ela queria tomar, mas, novamente, parece óbvio que eles precisavam ir até a Ilha de Skye.
Caleb olha para ela.
"Nós não temos muita escolha," ele fala.
"Então, não faz sentido esperar," ela responde. "Eu levo Scarlet, e você leva Ruth?"
Caleb assente tristemente, e Caitlin pega Scarlet e a coloca em suas costas, enquanto Caleb pega Ruth em seus braços. Ruth a princípio se contorce, querendo descer, mas Caleb a segura firmemente e algo em seu abraço eventualmente a acalma.
Não há escolha, a não ser andar em fila indiana na ponte estreita. Caitlin é a primeira.
Caitlin dá o primeiro passo, instável sobre a ponte, e sente imediatamente como as pranchas, pulverizadas pela água, estão escorregadias. Ela estende a mão e agarra o corrimão de corda para se equilibrar, mas a ponte balança ainda mais quando ela o faz, e a corda se desfaz em pedaços em suas mãos.
Ela fecha os olhos, respira fundo, e se concentra. Ela sabe que não pode confiar em sua visão, ou contar com o equilíbrio. Ela tem que recorrer a algo mais profundo. Ela leva sua mente de volta às aulas de Aiden, invocando suas palavras, e para de tentar enfrentar a ponte: em vez disso, ela tenta entrar em harmonia com ela.
Caitlin confia em seus instintos interiores, e dá alguns passos pra frente. Ela abre os olhos lentamente, e quando ela dá mais um passo, uma tábua se desprenda e cai. Scarlet grita, e ela perde o equilíbrio por um momento, então rapidamente dá mais um passo e consegue se equilibrar. O vento balança a ponte novamente. Caitlin tem a impressão de ter avançado bastante, mas ao olhar adiante, vê que só tinha avançado cerca de dez metros. Ela sabe instintivamente que elas nunca conseguiriam chegar ao outro lado.
Ela se vira e olha para Caleb. Ela vê o olhar em seus olhos, e sabe que ele está pensando a mesma coisa. Ela gostaria acima de tudo de abrir suas asas e decolar, mas ao senti-las, ela também sente algo no ar, e sabe que Caleb tinha razão: há algum tipo de energia invisível protegendo a ilha, e que voar até lá sem ser convidado não seria uma boa ideia.
O vento balança a ponte novamente, e Caitlin está começando a se sentir desesperada. Elas já tinham ido longe demais para voltar atrás.
Ela toma uma decisão em uma fração de segundo.
"Quando eu disser três, salte e segure no seu lado da corda, e deixe que ela te leve até o outro lado!" ela grita de repente para Caleb. "É a única maneira!"
"E se a corda arrebentar!?" ele grita de volta.
"Nós não temos escolha! Se continuarmos como estamos, vamos morrer!"
Caleb não discute.
"UM!" Ela grita, respirando fundo, "DOIS! TRÊS!"
Ela salta no ar, para a direita, e vê Caleb saltar para a esquerda. Ela consegue ouvir Scarlet gritando e Ruth se lamentando enquanto eles caem da ponte. Ela estende a mão e agarra com força no corrimão de corda, pedindo a Deus que ele resista ao peso de todos naquele momento. Ela vê Caleb fazendo o mesmo.
Um segundo depois, eles estão segurando a corda e balançando no ar a toda a velocidade, com a água salgada subindo acima das ondas e caindo sobre eles. Por um momento, Caitlin não consegue dizer se eles ainda estão balançando, ou caindo.
Mas depois de alguns segundos, ela consegue sentir a tensão da corda em sua mão, e sente que estão despencando, mas sim balançando em direção ao penhasco distante. E a corda está resistindo.
Caitlin se prepara. A corda está aguentando, e isso é bom. Mas eles também estão balançando rápido, direto para o lado do penhasco. Bater contra ele, ela sabe, seria doloroso.
Ela vira o ombro e posiciona Scarlet atrás dela, para que ela receba toda a força do impacto. Ela olha e vê Caleb fazendo o mesmo, segurando Ruth com um braço atrás dele, e inclinando-se com o ombro. Ambos se preparam para o impacto iminente.
Um segundo depois, eles batem com força contra a parede, e são tomados pela dor. A força do impacto tira o fôlego de Caitlin, e ela fica momentaneamente atordoada. Mas ela ainda segura a corda, e ela pode ver que Caleb também. Ela fica pendurada ali, atordoada por alguns segundos, e verifica se Scarlet e Caleb estão bem. Eles estão.
Caitlin lentamente para de ver estrelas e, eventualmente, estende a mão e começa a subir pela corda, em linha reta até a borda do penhasco. Ela olha para cima e vê que ainda há trinta metros a percorrer antes de chegar ao topo. Então, ela comete o erro de se virar e olhar para baixo: é uma queda perigosa, e ela percebe que, se a corda cedesse, eles iriam despencar centenas de metros até cair nas rochas afiadas embaixo deles.
Caleb se recupera e começa a subir pela corda também. Os dois conseguem manter um bom ritmo, mesmo se às vezes deslizam pelas falésias cobertas de musgo.
De repente, Caitlin ouve um barulho doentio. É o som de uma corda arrebentando.
Caitlin fica paralisada por um momento, se preparando para despencar para a morte, mas depois percebe que não sente sua corda cedendo. Ela olha para cima imediatamente, e vê que se trata da corda de Caleb.