Морган Райс - A Noite dos Corajosos стр 3.

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"Talvez possa funcionar", disse Kavos. "Talvez possamos atrair as forças Pandesianas e talvez até isolá-las. No entanto, mesmo assim, Ra não irá enviar todos os seus homens. Estacionadas aqui estão apenas as suas forças do sul. Ele tem outros homens, espalhados por todo o nosso território. Ele tem um poderoso exército do norte, guardando o norte. Mesmo que ganhássemos esta batalha épica, não ganharíamos a guerra. Os seus homens ainda teriam Escalon."

Duncan acenou de volta, pensando o mesmo.

"É por isso que devemos dividir as nossas forças", ele respondeu. "Metade de nós vai para a ravina, enquanto a outra metade vai para norte atacar o exército do norte de Ra. Liderados por ti."

Kavos olhou para ele com surpresa.

"Se quisermos libertar Escalon, devemos fazê-lo imediatamente", acrescentou Duncan. "Tu vais liderar a batalha no norte. Leva-os para a tua pátria, para Kos. Leva a luta para as montanhas. Ninguém consegue lutar lá tão bem quanto tu."

Kavos assentiu, claramente gostando da ideia.

"E tu, Duncan?", perguntou ele, em retorno, com uma voz de preocupação. "Sendo as minhas hipóteses tão baixas no norte, as tuas hipóteses na ravina são muito piores."

Duncan assentiu e sorriu, agarrando o ombro de Kavos.

"Melhores hipóteses para a glória, então", ele respondeu.

Kavos sorriu-lhe de volta em admiração.

"Então e a frota Pandesiana?", entrou Seavig na conversa, dando um passo para a frente. "Mesmo agora eles detêm o porto de Ur. Escalon não consegue ser livre, enquanto eles possuírem os mares."

Duncan assentiu para o seu amigo, colocando-lhe a mão no ombro.

"É por isso que deves levar os teus homens e ir para o litoral", Duncan respondeu. "Usa a nossa frota escondida e navega até ao norte, à noite, pelo Arrependimento acima. Navega para Ur e, com astúcia suficiente, talvez consigas derrotá-los."

Seavig olhava para ele, esfregando a barba, com os seus olhos a brilhar com malícia e ousadia.

"Tu tens noção que teremos uma dúzia de navios contra mil", disse.

Duncan concordou e Seavig sorriu.

"Eu sabia que havia uma razão para eu gostar de ti", Seavig respondeu.

Seavig montou-se no seu cavalo, seguido pelos seus homens. Ele partiu sem mais nenhuma palavra, levando-os a todos pelo deserto, para oeste na direção do mar.

Kavos deu um passo à frente, agarrou o ombro de Duncan e olhou-o nos olhos.

"Eu sempre soube que ambos morreríamos por Escalon", disse ele. "Eu só não sabia que iria morrer de uma forma tão gloriosa. Deve ser uma morte merecedora dos nossos antepassados. Agradeço-te por isso, Duncan. Deste-nos um grande presente."

"E eu agradeço-te a ti", Duncan respondeu.

Kavos virou-se, acenou para os seus homens e sem outra palavra, montaram-se todos nos seus cavalos e partiram, indo para norte, para Kos. Partiram todos com ávidos gritos, levantando uma grande nuvem de pó.

Isso deixou Duncan parado ali sozinho com várias centenas de homens, todos a olhar para si à espera de orientações. Ele virou-se e olhou para eles.

"Leifall aproxima-se", disse ele, observando-os perto no horizonte. "Quando eles chegarem, vamos todos cavalgar na direção da ravina como um só."

Duncan ia a montar-se no seu cavalo, quando, de repente, uma voz cortou o ar:

"Comandante!"

Duncan virou-se na direção oposta e ficou chocado com o que viu. Vinda de leste, uma figura solitária aproximava-se, andando pelo deserto em direção a eles. O coração de Duncan batia com força ao observá-la. Não podia ser possível.

Os seus homens separaram-se por todos os lados enquanto ela se aproximava. Duncan ficou emocionado e, lentamente, sentiu os olhos a encherem-se de lágrimas de alegria. Ele mal podia acreditar. Aproximando-se dele, como uma aparição vinda do deserto, estava a sua filha.

Kyra.

Kyra caminhava em direção a eles, sozinha, com um sorriso no rosto, indo diretamente para ele. Duncan estava perplexo. Como é que ela tinha ali chegado? O que é que ela estava a fazer ali? Porque é que ela estava sozinha? Teria ela andado todo aquele caminho? Onde estava Andor? Onde estava o seu dragão?

Nada daquilo fazia qualquer sentido.

E, no entanto, ali estava ela, ao vivo. A sua filha tinha voltado para ele. Vê-la fazia-o sentir como se a sua alma estivesse a ser restaurada. Tudo parecia certo no mundo, mesmo que apenas por um momento.

"Kyra", disse ele, dando ansiosamente um passo à frente.

Os soldados afastaram-se e Duncan caminhou para a frente, sorrindo, estendendo os braços, ansioso por abraçá-la. Ela sorriu também, estendendo os braços enquanto caminhava em direção a ele. Apenas saber que ela estava viva fazia com que toda a sua vida valesse a pena.

Duncan deu os últimos passos, tão entusiasmado por abraçá-la. Quando ela se aproximou e o abraçou, ele abraçou-a também.

"Kyra", ele desatou a chorar. "Estás viva. Voltaste para mim."

Ele conseguia sentir as lágrimas a escorrerem-lhe pela cara, lágrimas de alegria e alívio.

No entanto, estranhamente, enquanto a abraçava, ela estava quieta, em silêncio.

Lentamente, Duncan começou a aperceber-se que algo estava errado. Numa fração de segundo antes dele se aperceber, o seu mundo encheu-se de uma dor dilacerante.

Duncan engasgou-se, incapaz de recuperar o fôlego. As suas lágrimas de alegria rapidamente se transformaram em lágrimas de dor, ao ficar sem fôlego. Ele não conseguia processar o que estava a acontecer; em vez de um abraço amoroso, ele sentiu uma fria haste de aço a perfurar-lhe as costelas, entrando por si adentro. Ele sentiu calor no seu estômago, sentindo-se entorpecido, incapaz de respirar, de pensar. A dor era tão cega, tão abrasadora, tão inesperada. Ele olhou para baixo e viu um punhal no seu coração, ficando ali em choque.

Ele olhou para Kyra nos olhos. Pior do que a própria dor, era a dor da sua traição. Morrer não o incomodava. Mas morrer pela mão da sua filha destroçava-o.

Ao sentir o mundo a girar por baixo dele, Duncan pestanejou, perplexo, tentando entender porque é que a pessoa que ele mais amava no mundo o iria trair.

No entanto, Kyra apenas sorria, sem mostrar qualquer remorso.

"Olá, Pai", disse ela. "É tão bom ver-te novamente."

CAPÍTULO DOIS

Alec estava na boca do dragão, a segurar a Espada Inacabada com as mãos trêmulas, atordoado, enquanto o sangue do dragão esguichava para cima dele como uma cascata. Ele olhou por entre as fileiras de dentes afiados, cada um tão grande quanto ele, preparando-se enquanto o dragão caía a pique no oceano. Ele sentiu o seu estômago a sair-lhe pela garganta quando as águas geladas da Baía da Morte se apressaram a cumprimentá-lo. Ele sabia que se não morresse com o impacto, seria esmagado pelo peso do dragão morto.

Alec, ainda em choque por ter conseguido matar aquela grande besta, sabia que o dragão, com todo o seu peso e velocidade, iria afundar-se no fundo da Baía da Morte, levando-o com ele. A Espada Inacabada poderia matar um dragão – mas nenhuma espada poderia parar a sua descida. Pior, as mandíbulas do dragão, agora relaxadas, aproximavam-se dele à medida que os seus músculos relaxavam, apertando-se para formar uma jaula de onde Alec nunca conseguiria escapar. Ele sabia que tinha de agir rápido para ter alguma hipótese de sobrevivência.

Enquanto o sangue esguichava na sua cabeça desde o céu-da-boca do dragão, Alec extraiu a espada e, com as mandíbulas quase fechadas, preparou-se e saltou. Ele gritou ao cair pelo ar gelado, com os dentes afiados do dragão a rasparem-lhe as costas, cortando a sua carne. A sua camisa ficou presa num dente do dragão e, por um momento, ele achou que não iria conseguir. Atrás de si ouviu as grandes mandíbulas a fecharem-se, sentiu a sua camisa a rasgar-se e um pedaço a arrancar-se – e finalmente, ele entrou em queda livre.

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