Морган Райс - Vadia, Prisioneira, Princesa стр 7.

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Ele fez um desvio por entre as tendas, naquele momento, mudando de direção ligeiramente para passar por uma das tendas da messe, onde um dia atrás, um dos cozinheiros tinha precisado de ajuda para compor uma mensagem para casa. O exército mal alimentava os seus recrutas e Sartes sentia o seu estômago a fazer barulho com a perspetiva de comida, mas ele não comeu o que levava consigo enquanto corria para a tenda do seu comandante.

"Por onde é que tens andado?", exigiu saber o oficial. O seu tom deixou claro que ter-se atrasado por causa de outros soldados não contaria como uma desculpa. Mas Sartes já sabia disso. Era parte da razão pela qual ele tinha ido à tenda da messe.

"A apanhar isto no caminho, senhor", disse Sartes, estendendo a tarte de maçã que ele tinha ouvido que era a favorita do oficial. "Eu sabia que hoje talvez não a conseguisses obter."

O comportamento do oficial mudou instantaneamente. "Isso é muito atencioso, recruta..."

"Sartes, senhor". Sartes não se atreveu a sorrir.

"Sartes. Davam-nos jeito alguns soldados que soubessem pensar. Embora, da próxima vez, lembra-te de que as ordens têm de vir primeiro."

"Sim, senhor", disse Sartes. "Há alguma coisa que precisas que eu faça, senhor?"

O oficial fez-lhe sinal com a mão para se ir embora. "Neste momento não, mas vou lembrar-me do teu nome. Podes retirar-te."

Sartes deixou o pavilhão do comandante sentindo-se muito melhor do que quando tinha entrado. Ele não tinha certeza de que o pequeno ato fosse suficiente para salvá-lo após o atraso que os soldados tinham causado. Por enquanto, porém, ele parecia ter evitado a punição, tendo conseguido chegar a uma posição em que um oficial sabia quem ele era.

Parecia a ponta da navalha, mas para Sartes todo o exército lhe parecia assim. Até àquele momento, ele tinha sobrevivido no exército por ser inteligente, e por se manter um passo à frente do pior da violência por aqueles lados. Ele tinha visto rapazes da sua idade mortos ou espancados com tanta violência que era óbvio que iriam morrer em pouco tempo. Mesmo assim, ele não tinha certeza se seria capaz de manter-se assim muito tempo. Para um recruta como ele, aquele era o tipo de lugar onde a violência e a morte só poderiam ser adiadas tanto tempo.

Sartes engolia em seco ao pensar em todas as coisas que podiam correr mal. Um soldado podia levar um espancamento demasiado longe. Um oficial podia ofender-se com qualquer pequena ação e ordenar uma punição concebida para dissuadir os outros com a sua crueldade. Ele podia ser empurrado para a batalha a qualquer momento, e ele tinha ouvido falar que os recrutas iam na linha da frente para "eliminar os fracos." Mesmo os treinos podiam ser mortais, quando o exército tinha pouco uso de armas contundentes e os recrutas recebiam pouca instrução real.

O único medo que todos tinham era de que alguém descobrisse que ele tinha tentado juntar-se a Rexus e aos rebeldes. Não deveria haver maneira de o conseguirem, mas até mesmo a mais ínfima possibilidade era suficiente para compensar todos as outras. Sartes tinha visto o corpo de um soldado acusado de ter simpatias junto dos rebeldes. A própria unidade a que ele pertencia tinha sido ordenada a cortá-lo em pedaços para provar a sua lealdade. Sartes não queria acabar assim. Bastava-lhe pensar naquilo para que o seu estômago se apertasse para além da fome.

"Tu aí!", chamou uma voz. Sartes assustou-se. Era impossível afastar a sensação de que talvez alguém tivesse adivinhado o que ele estava a pensar. Obrigou-se a pelo menos fingir estar calmo. Sartes olhou em volta e viu um soldado com a armadura elaborada e musculosa de um sargento, com marcas tão profundas de varíola nas suas bochechas que eram quase como uma outra paisagem. "És o mensageiro do capitão?"

"Eu acabei de lhe vir trazer uma mensagem, senhor", disse Sartes. Não era bem uma mentira.

"Então és suficiente bom para mim. Vai e descobre para onde foram os carrinhos com o meu material de madeira. Se alguém te causar problemas, diz-lhe que Venn te enviou ".

Sartes saudou apressadamente. "É para já, senhor."

Ele correu para a missão, mas não estava concentrado no que tinha em mãos. Ele foi por um caminho mais longo, mais tortuoso. Um caminho que lhe permita espionar os arredores do acampamento, os seus pontos de estrangulamento, um caminho que lhe permitia espiar quaisquer pontos fracos.

Porque, morto ou não, Sartes iria encontrar uma maneira de escapar naquela noite.

CAPÍTULO CINCO

Lucious abria caminho por entre a multidão de nobres na sala do trono do castelo, fumegando. Ele irritava-se com o facto de que ter de fazer o seu caminho aos empurrões, quando toda a gente ali se devia afastar para o lado e fazer-lhe uma vénia, abrindo caminho para ele passar. Ele irritava-se com o facto de Thanos receber toda a glória, por ter acabado com os rebeldes em Haylon. Acima de tudo, porém, ele irritava-se com a forma como as coisas tinham acontecido no Stade. Aquela prostituta, Ceres, havia arruinado os seus planos mais uma vez.

À frente, Lucious podia ver o rei e a rainha em profunda conversa com Cosmas, o velho tolo da biblioteca. Lucious tinha pensado que tinha visto o último dos estudiosos de idade quando criança, quando era suposto eles todos aprenderem factos absurdos sobre o mundo e o seu funcionamento. Mas não, aparentemente, na sequência da carta que ele tinha fornecido, mostrando a verdadeira traição de Ceres, Cosmas tinha de ser ouvido pelo seu rei.

Lucious continuava a avançar aos empurrões. À sua volta, ele ouvia os nobres da corte a conspirarem. Ele via a sua prima distante, Stephania, não muito longe, a rir-se de alguma piada que outra miúda nobre com uma apresentação perfeita fizera. Ela olhou por cima, apanhando o olhar de Lucious o tempo suficiente para lhe sorrir. Lucious decidiu que ela era, de facto, uma verdadeira cabeça oca. Mas bela. Talvez no futuro, ele pensou, pudesse haver uma oportunidade de passar mais tempo com a miúda nobre. Ele era pelo menos tão impressionante quanto Thanos.

Por enquanto, porém, a raiva de Lucious pelo que tinha acontecido era demasiado grande, para que até mesmo aqueles pensamentos o distraíssem. Ele caminhou até aos pés dos tronos, diretamente até à tribuna que lá se erguia.

"Ela ainda está viva!", deixou ele escapar enquanto se aproximava do trono. Ele não se importava que fosse alto o suficiente para se ouvir por toda a câmara. Deixai-os ouvir, decidiu. Certamente não fazia diferença que Cosmas ainda estivesse a sussurrar para o rei e para a rainha. Lucious indagava-se sobre o que poderia um homem que passava o seu tempo em torno de pergaminhos, eventualmente, ter para dizer que valesse a pena?

"Ouviste-me?", disse Lucious. "A miúda ainda está…"

"Viva, sim", disse o rei, parando-o com uma mão levantada para o silêncio. "Estamos a discutir assuntos mais importantes. Thanos está desaparecido na batalha por Haylon."

O gesto foi apenas mais uma coisa a acrescentar à raiva de Lucious. Ele estava a ser tratado como um servo que se mandava calar, ele pensou. Mesmo assim, ele esperou. O rei não se podia irritar com ele. Além disso, ele precisou de alguma tempo para digerir o que acabara de ouvir.

Thanos estava desaparecido? Lucious tentou perceber como é que isso o afetava. Isso mudaria a sua posição dentro da corte? Ele deu por si a olhar para Stephania novamente, pensativo.

"Obrigado, Cosmas", disse a rainha finalmente.

Lucious observou o discípulo a descer de volta para a multidão de nobres que assistia. Só então o rei e a rainha lhe deram a sua atenção. Lucious tentou ficar em sentido. Ele não deixaria que os outros vissem nem um pouco do ressentimento que o consumia por causa do pequeno insulto. Lucious dizia para si mesmo que se outras pessoas o tivessem tratado daquela forma, ele já as teria matado.

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