O Diário De Um Gato Detective - Kristi R. F. страница 2.

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 Da Cara: o último grito em cachecóis e como andar sempre na moda!!!!

A sonhar acordada, imaginei como uma multidão de cães faziam uma vénia à minha inteligência superior.

YESSS!

Eu ia ser Inca, o gato detective par excellence!

Nunca nenhum gato tinha sido tããão adorado pelo público.


Bravo, Inca!


Dezembro

12 Dias Até Ao Natal

Domingo, Já Muito Tarde:

De repente, tive uma sensação estranha, como se alguém estivesse a observar-nos.

Missy, a nossa Mãe, tinha acendido a lareira e a madeira estava a crepitar alegremente. A casa estava quente e confortável, mesmo com o frio tremendo que fazia lá fora.

Era uma noite normal para a família Inca. A Cara, o Fromage, a Charlotte e eu estávamos sentados à volta da lareira com a Mãe, o jovem humanóide que nos pertence.

Eu pensei que estivesse a imaginar coisas, que nos estivessem a observar, e sacudi a cabeça para me acalmar.

Mas aquela sensação voltou.

Como não queria assustar os outros, fui espreitar cuidadosamente pela janela. Não havia nada lá fora – só escuridão, com alguma luz vinda da enorme Lua lá em cima.

Dei duas ou três voltas e sentei-me de novo, virada para a janela, para o caso de entrarem por lá EXTRATERRESTRES para nos atacar.

Os meus olhos estavam a começar a fechar-se quando vi uma sombra a mover-se do lado de fora da janela. Abri-os logo muito outra vez e olhei lá para fora. Mas não vi nada. Só a calma de uma noite muito escura.

De repente, vi dois olhos verdes brilhantes a fixar-me.


O meu coração parou!

 Seria um demónio?

 Seria um dragão que come fogo?

 Seria uma cobra rastejante?

 Estaria o meu maior pesadelo prestes a tornar-se realidade? Seriam os extraterrestres que nos iam atacar?

O meu coração começou a bater furiosamente:


Vi uma pata cinzenta, grande e forte a esticar-se na minha direcção e o pelo das minhas costas eriçou-se como um porco-espinho prestes a atacar.

E, depois, percebi que a aquela figura gorducha na janela, que aparecia e desaparecia, era só a cara do nosso amigo Monk!

Expirei então lentamente e os batimentos do meu coração voltaram gradualmente ao seu ritmo normal.


Monk é um Russo Azul com pernas compridas e olhos grandes verde-dourados, que tem um pelo sedoso e cuidado e é muito bonito – para quem gosta de gatos mais gorduchos. Ele usa sempre com um laço vermelho vivo.

Monk é um gato bem esperto.

Vamos a ver se me explico bem. A maior parte dos gatos é naturalmente inteligente. Mas eu já tinha reparado que o Monk é muito mais inteligente do que a maior parte dos outros gatos que eu conheço. Acho que podemos chamar-lhe um gato nerd.

Monk vivia na casa ao lado da nossa com o Solo (um detective mundialmente famoso), o seu assistente Hobbs, e um cão grande chamado Terrance.

Terrance era o melhor amigo do Monk e também ele um grande cão detective.

Levantei-me devagar para não incomodar os outros, saltei pela janela e fui ter com o Monk debaixo de um arbusto denso que separa a nossa casinha do parque que fica na frente da casa enorme dele.

“O que é que se passa, Monk?”, ronronei baixinho.

O Monk, que normalmente é um gato calmo e descontraído, parecia bastante abalado.

Ouvi um som como se fossem campainhas e o pêlo do meu pescoço, que já tinha voltado ao normal, voltou a eriçar-se quando senti o quão perturbado ele estava.

“Tudo OK?”, miei, tentando abafar o meu próprio pânico.

O Monk engoliu em seco e respondeu no seu costumado miau lento, fazendo um esforço para controlar o medo.

“Vocês, gatinhos, têm de vir hoje à noite até minha casa. O Terrance tem novidades, e bastante inesperadas”, murmurou ele.

Prometi-lhe que íamos lá ter assim que a Mãe adormecesse.

Apressei-me a regressar para junto dos outros para lhes dar as novidades, ao mesmo tempo que me perguntava o que poderia perturbar tanto alguém normalmente tão calmo como o Monk.


Domingo Durante A Noite:

A noite estava escura como breu quando nos esgueirámos para casa do Monk. Comparado com o nosso chalé, o Monk vivia numa casa enorme e muito chique. Mas nós adorávamos a nossa casinha e não a trocávamos por nada deste mundo.


Atravessámos a grande cozinha silenciosamente, e o Fromage parou para cheirar uma taça de natas muito tentadoras que o Hobbs tinha deixado para o Monk.

“Anda, Fromage”, silvou a Cara. “O Monk não vai ficar contente se comeres da comida dele sem lhe perguntar primeiro.”

“Nem penses, Cara, o Monk é meu amigo!”, respondeu o Fromage, ao mesmo tempo que punha a língua de fora à Cara.


Mas mesmo assim ele veio atrás de nós, não sem antes olhar melancolicamente para trás, para o prato cheio de natas.

O Monk e o Terrance estavam juntos, sentados numa sala aquecida, em frente a uma lareira enorme, onde a lenha ainda crepitava.

No início, a amizade entre o Monk e o Terrance tinha-me surpreendido.


Como é que um gato esperto como o Monk podia ser tão amigo de um cão?

Mas fui obrigada a mudar de ideias depois que conhecer melhor o Terrance.

Nós, gatos, tínhamos uma má opinião dos cães. Mas o Terrance é alguém de quem até nós, gatos, aprendemos a gostar e respeitar.

Para ser sincera, a nossa opinião sobre cães tinha mudado gradualmente.

Nunca tínhamos tido muito contacto com cães antes de chegar a Londres. Também nunca tínhamos querido ter. Tínhamo-los sempre tratado como animais terríveis e peludos e um bocado malcheirosos.

Mas agora era diferente. Agora tínhamos dois amigos cães com quem andávamos regularmente.

O Terrance e o Polo!

O Terrance era um cão forte, um Golden Retriever com um pêlo comprido dourado. Apesar do seu olhar um bocado piegas e da sua língua cor-de-rosa, babada e sempre ao dependuro, ele é muito esperto.

Ele era famoso por ter ajudado o Solo a resolver muitos casos.

Se havia alguma coisa que eu respeitava nele, era ele ser tão popular, tanto com os animais como com os humanóides bípedes que nos rodeavam.

A sua expressão meia tonta e a língua babada não mudavam isso nem um bocadinho.

Eu adorava ser popular assim.

O Terrance costumava acompanhar o Solo e o Hobbs para todo o lado.

O Solo tinha posto o Terrance numa escola para cães muito famosa. Ele não se tinha arrependido, pois Terrance tinha tido as melhores notas na Academia Canina de Busca e Salvamento. O Terrance era um bom colaborador da agência de detectives de Solo.

Eu estava morta por saber o que é que o Terrance andava a fazer.

O Terrance abanou a cauda quando nos viu e deu-nos um sorriso de boas vindas. O Monk saltou da sua cadeira favorita e veio receber-nos.

“Alguém quer natas frescas?”, ronronou ele na sua voz grave.

“Obrigada, NÃO”, respondeu a Cara antes que o Fromage ou eu pudéssemos dizer alguma coisa, “nós jantámos antes de vir.”

O Fromage olhou para ela fixamente.

Conhecendo bem o meu irmão, e sabendo que ele estava a preparar-se para começar uma briga, eu mudei rapidamente de assunto.

“Terrance, o que se passa?”, miei.

“Há novidades importantes acerca do Raoul, o pai desaparecido do Polo!”, disse o Terrance, depois que toda a gente se sentou no lugar do costume na biblioteca.

Tenho de vos falar sobre o nosso amigo Polo e o triste estado em que está a sua família.

O Polo é um pequinês. Ele é baixinho e não é muito maior do que eu.

Nós conhecemos o Polo quando nos mudámos de Paris para Londres no Verão passado. Curiosamente, havia uma amizade especial entre ele e a Charlotte.

Tinha havido alguns ciúmes entre o Fromage e o Polo por causa da Charlotte. Foi um alívio quando esses ciúmes passaram à história.

O Polo pertencia à Señora Conchita Consoles, a quem toda a gente chamava Senõra, uma cantora de ópera reformada.


A Señora tinha perdido o seu marido, Raoul, quando ele desapareceu ao escalar o Monte Evereste nos Himalaias. Desde essa altura, e até nós chegarmos, ela tinha estado muito triste.

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