Morte e um Cão - Грейс Фиона страница 7.

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Lacey não conseguiu se conter. Ela inclinou a cabeça para trás e gargalhou ao ouvir um boato tão ridículo. Mas lembrou que há pouco tempo todos em Wilfordshire pensavam que ela poderia ser uma assassina.

"Que tal levar esse boato com uma pitada de desconfiança?" ela sugeriu a Gina.

A amiga lhe deu um "piff", e as duas começaram a rir.

A praia estava ainda mais bonita naqueles dias mais quentes. Não estava quente o suficiente para se bronzear ou remar, mas havia muito mais pessoas que vinham caminhar na orla e comprar sorvetes nos carrinhos. Enquanto caminhavam, as duas amigas começaram a bater papo, e Lacey relatou a Gina todo o telefonema de David e a história tocante do homem e da bailarina. Então, elas chegaram na casa de chá.

Ficava numa antiga garagem para canoas, em uma localização privilegiada à beira-mar. Foram os proprietários anteriores que reformaram o lugar, transformando o antigo galpão em um café meio decadente – que, segundo Gina , era conhecido na Inglaterra como um "greasy spoon". Mas a nova proprietária havia melhorado bastante o design. Eles limparam a fachada de tijolos, removendo manchas de cocô de gaivota que provavelmente estavam lá desde os anos cinquenta. Também colocaram um quadro-negro do lado de fora, em que estava escrito café orgânico em letra cursiva profissional. E as portas de madeira originais foram substituídas por uma de vidro brilhante.

Gina e Lacey se aproximaram. A porta se abriu automaticamente, como se quisesse atraí-las para dentro. Elas se entreolharam e entraram.

O cheiro pungente de café fresco as saudou, seguido pelo cheiro de madeira, terra molhada e metal. Desapareceram os velhos azulejos brancos que iam do chão ao teto, as cabines de vinil rosa e o piso de linóleo. Agora, toda a antiga alvenaria estava exposta e as velhas tábuas do assoalho foram envernizadas com um tom escuro. Mantendo a vibração rústica, todas as mesas e cadeiras pareciam ser feitas a partir de barcos de pesca restaurados – responsáveis pelo cheiro de madeira – e as tubulações de cobre escondiam toda a fiação de várias lâmpadas grandes estilo Edison que pendiam do teto alto – as fontes do cheiro metálico. O cheiro da terra vinha do fato de que cada centímetro livre de espaço tinha um cacto.

Gina agarrou o braço de Lacey e sussurrou com desgosto: "Ai, não. É… descolado!"

Lacey havia aprendido recentemente, enquanto elas garimpavam antiguidades no bairro Shoreditch, em Londres, que descolado não era um elogio a ser usado no lugar de 'estiloso', mas sim que denotava algo frívolo, pretensioso e arrogante.

"Eu gostei", respondeu Lacey. "É muito bem decorado. Até Saskia concordaria".

"Cuidado para não levar uma picada", acrescentou Gina, fazendo um movimento exagerado para desviar de um cacto grande e espinhoso.

Lacey estalou a língua para ela em sinal de desaprovação e foi até o balcão, que era de bronze polido, e que tinha uma máquina de café antiga combinando que certamente devia ser decorativa. Apesar do que Gina ouvira falar, não havia um homem parecido com um lutador de pé atrás do balcão, mas uma mulher com um cabelo loiro repicado e tingido e uma blusa branca que complementava sua pele dourada e bíceps salientes.

Gina olhou para Lacey e fez menção com a cabeça para os músculos da mulher, querendo dizer tá vendo, eu te disse.

"O que posso servir para vocês?" a mulher perguntou com o sotaque australiano mais forte que Lacey já ouviu.

Antes que ela tivesse a chance de pedir um cortado, Gina a cutucou.

"Ela é como você!" Gina exclamou. "Uma americana!"

Lacey não pôde conter o riso. "Humm… não, ela não é".

"Eu sou da Austrália", a mulher corrigiu Gina, bem-humorada.

"É?" Gina perguntou, perplexa. "Mas para mim você fala igualzinho a Lacey".

A mulher loira instantaneamente voltou seu olhar de volta para Lacey.

"Lacey?" ela repetiu, como se já tivesse ouvido falar dela. "Você é Lacey?"

"Uh… sim…" Lacey respondeu, achando esquisito que aquela estranha de alguma forma soubesse algo sobre ela.

"Você é dona da loja de antiguidades, certo?" a mulher acrescentou, baixando o pequeno bloco de notas que estava segurando e enfiando o lápis atrás da orelha. Ela estendeu a mão.

Sentindo-se ainda mais confusa, Lacey assentiu e apertou a mão que lhe estava sendo oferecida. A mulher tinha um aperto forte. Lacey se perguntou brevemente se havia alguma verdade nos rumores de luta livre, afinal.

"Desculpe, mas como você sabe quem eu sou?" Lacey perguntou, enquanto a mulher agitava seu braço para cima e para baixo vigorosamente com um sorriso largo no rosto.

"Porque todo morador local que vem aqui e percebe que sou estrangeira imediatamente passa a me contar tudo sobre você! Sobre como você também veio para cá do exterior por conta própria. E como começou sua própria loja do zero. Acho que toda a cidade de Wilfordshire está torcendo para que sejamos melhores amigas".

Ela ainda mantinha seu aperto de mão vigoroso, tanto que, quando Lacey falou, sua voz tremeu com a vibração.

"Então você veio para o Reino Unido sozinha?"

Finalmente, a mulher soltou sua mão.

"Sim. Eu me divorciei do meu marido, e então percebi que o divórcio não era suficiente. Realmente, eu precisava estar do outro lado do planeta em relação a ele".

Lacey não pôde deixar de rir. "Comigo aconteceu o mesmo. Bem, parecido. Nova York não é exatamente o outro lado do planeta, mas do jeito que Wilfordshire é, às vezes parece que pode ser".

Gina pigarreou. "Posso pedir um cappuccino e um sanduíche de atum com queijo derretido?"

A mulher pareceu lembrar de repente que Gina estava lá. "Ah. Desculpe. Onde estão meus modos?" Ela ofereceu a mão para Gina. "Eu sou Brooke".

Gina não fez contato visual. Ela apertou a mão de Brooke frouxamente. Lacey percebeu as vibrações de ciúme que ela estava emitindo e não pôde deixar de sorrir por dentro.

"Gina é minha parceira no crime", disse Lacey a Brooke. "Ela trabalha comigo em minha loja, me ajuda a encontrar antiguidades, leva meu cachorro para passear, transmite toda sua sabedoria de jardinagem para mim e geralmente me mantém sã desde que cheguei a Wilfordshire".

O beicinho ciumento de Gina foi substituído por um sorriso tímido.

Brooke sorriu. "Espero conseguir minha própria Gina também", ela brincou. "É um prazer conhecer vocês duas".

Ela pegou o lápis de trás da orelha, fazendo com que seus cabelos loiros e lisos voltassem ao lugar. "Então, um cappuccino e sanduíche de atum…", disse ela, escrevendo no bloquinho. "E para você?" Ela olhou para Lacey com expectativa.

"Um cortado", disse Lacey, olhando para o menu. Ela rapidamente examinou todas as opções do cardápio. Havia uma grande variedade de pratos que pareciam muito saborosos, mas na verdade o menu consistia apenas de sanduíches com descrições sofisticadas. O atum com queijo derretido que Gina havia pedido era descrito como um 'sanduíche quente de atum-bonito e cheddar defumado em madeira de carvalho'. "Erm… a baguete com purê de abacate".

Brooke anotou o pedido.

"E quanto aos amigos peludos de vocês?" ela acrescentou, apontando o lápis entre Gina e Lacey, para onde Boudicca e Chester estavam andando em um movimento de oito, tentando farejar um ao outro. "Tigela de água e um pouco de ração?"

"Isso seria ótimo", disse Lacey, impressionada com a amabilidade da mulher.

Ela faria sucesso no setor de hotelaria, pensou Lacey. Talvez na Austrália Brooke tenha trabalhado na área? Ou talvez ela fosse apenas uma pessoa simpática. De qualquer forma, ela causou uma ótima primeira impressão em Lacey. Talvez os habitantes de Wilfordshire conseguissem o que queriam e as duas se tornassem grandes amigas. Era sempre bom ter mais aliados!

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