Huo Aderito Francisco - Um Quarto De Lua стр 2.

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Giulia continuou dirigindo-se ao marido:

- Não desce daquele quarto desde quando lho fui buscar na escola, está a piorar.

- Não tinhamos falado que devia começar a voltar sozinho?

- Encontra-me naquela zona porque fiz compras

- Tens sempre uma desculpa para protegê-lo e depois começas com as tuas lamúrias!

Carlo abanava a cabeça com ar de desaprovação relativamente à esposa, levantou-se e foi chamar o garoto.

Entrou no quarto sem pedir licença e encontrou o Elio assim como a mâe o tinha deixado. Tinha os olhos fixos no vácuo, voltados ao tecto, estava ainda com os auriculares Wi-Fi brancos, não tinha sequer descalçado os sapatos

Carlo não conseguia reconhecer naquele garoto a criança que acomopanhava sempre fora de bicicleta. Agora tinha treze anos e era alto mais ou menos como ele, forçado pela sua preguiça tinha alisado os seus caracóis loiros e fluentes de criança, para evitar de cuidá-los. Os seus olhos verdes eram ainda lindíssimos, mas apagados. Nos últimos anos não reagia mais a nenhum estímulo. Não ouvia a sua gargalhada há bastante tempo até para esquecer o som. Lamentava-se por não poder transcorrer com ele o mesmo tempo que lhe dedicava desde criança, todavia duvidava que naquele momento as suas atenções teriam sido apreciadas.

Infelizmente, muitos anos antes, por causa da crise económica, tinha perdido o trabalho próximo de casa. Na verdade, mais que a crise, a instigar à mudança de localização da empresa multinacional onde trabalha, tinha sido o incremento dos lucros, comportamento que torna comum muitas destas sociedades.

Conseguiu com esforço encontrar uma nova ocupação, infelizmente para alcançar o novo local de trabalho devia percorrer muitos quilómetros por dia e trocar vários meios de transporte, coisa que acabara por roubar o tempo que devia dedicar à família. Não só, regressava a casa cansado de tal forma que custava estar presente mesmo quando estava, depois do jantar esticava-se no sofá e inevitavelmente adormecia não obstante os esforços feitos para manter os olhos abertos.

Carlo deu-lhe o sinal para tirar os auriculares, Elio, acatou a ordem para evitar de ter que aturar uma longa lengalenga que ocupasse o seu cérebro.

- Venha comer, é hora do jantar - lhe intimou chateado - A tua mãe disse que estás imóvel aqui desde as dezasseis!

Elio levantou-se e, cabisbaixo, passou perto do pai, sem esforçar-se para falar com ele, e dirigiu-se para a cozinha.

Gaia já estava sentada lateralmente à mesa rectangular que tinha arrumado e com o smartphone na mão trocava mensagens com as amigas para organizar os próximos eventos.

Elio sentou-se em frente da irmã e não lhe dirigiu a palavra durante todo o jantar.

Jantar que desenrolou tranquilo, todos conversavam dos assuntos do dia, menos Elio que deu algumas mordidelas à uma sanduíche e assim que foi possível retirou-se e foi de novo para o seu quarto, para o grande desapontamento da mãe a que consentiu a expressão melancólica do pai. Permanecidos sós, Giulia e Carlo, enquanto terminavam de desocupar a mesa das últims coisas, começaram a falar do mesmo assunto dos últimos anos: a preocupação pelo comportamento do filho.

- Em que estamos a falhar? Não consigo entender! Gaia é dinâmica, alegre, cheia de vida! - disse Giulia.

- Eu o descuro bastante! - acusou-se como sempre Carlo.

- Não és decerto o único pai que é obrigado a passar tantas horas fora de casa por trabalho e depois eu estou em casa todas as tardes - disse-lhe repetindo mais uma vez Giulia, que não queria que Carlo carregasse nas costas também o receio de ser o problema do filho.

- Não é uma questão de carácter, Giulia, porque Elio não era assim, tu sabes muito bem!

- Eu também gostaria que fosse assim, Carlo, mas crescendo muda-se e depois, como vês, as coisas pioram cada vez mais. Também na escola é um desastre, que Deus lhe proteja para recuperar algumas matérias ou não podemos tão-pouco mandá-lo para a colónia como os outros anos e o centro estival da cidade seria uma ocasião para fazê-lo tornar-se uma amiba!

- Giulia, os outros rapazes divertem-se no centro estival. Os filhos de Francesca e Giuseppe adoram para valer. Temos de encontrar uma alternativa, algo que o obrigue a reagir. Não parece sequer vivo, lembras-te como éramos nós na idade dele?

- Claro! A minha mãe à noite gritava na porta de casa para avisar-me de que estava pronto o jantar e eu, muitas das vezes, não a ouvia tão-pouco, possuida como estava a correr entre os campos e a rebolar na erva. Vivíamos livres e felizes. Não podemos oferecer-lhes isto na cidade, mas ele não sabe aproveitar nem sequer na colónia. Não tem um único amigo, ninguém para convidar-lhe em casa para quebrar esta monótona existência que se está a coser sobre ele. Não permite a ninguém para aproximar-se suficientemente ao seu coração, às vezes questiono-me o que sente por nós. É tão esquivo quando tento abraçá-lo

- Giulia, os menininhos não querem mais os mimos da mamã, mas estou certo que nos ama sempre, só que não encontramos mais a chave certa para comunicar com ele. Temos de encontrá-la. Temos de desvendar um modo para despertá-lo. Pensei se falarmos com a Ida, ela tem dois meninos, quiçá pode nos dar algum conselho.

- Temes que esteja a seguir o rumo de Libero? Tens receio que seja um distúrbio psicológico hereditário? - perguntou Giulia.

- Não, Libero teve problemas diferentes, ligados à morte do seu pai, mas tem uma base comum e a experiência de Ida pode ser-nos útil, fez milagres com aquele garoto depois de ter-se transferido para o campo. E sozinha pois! Com a fazenda por tomar conta.

- Sim, fala com ela tu, confio na tua irmã, tem um modo de ver as coisas que me agrada.

- Quando é que teremos a caderneta de notas? - perguntou Carlo à esposa.

- No dia 19 de Junho

- Muito tarde para decidir o que fazer, peça um encontro com a docente de italiano, devemos decidir para onde mandar as crianças, seja o centro estival como a colónia não aguardam até àquela data - propôs Carlo.

- Sim, tens razão. É melhor estarmos certos da situação, ainda que Elio não está pois mal na escola. Só que, como em tudo aquilo que faz, não mete entusiasmo. Sabes que hoje chegaram os novos vizinhos do segundo andar? Parecem boas pessoas. A senhora Giovanna me disse que transferiram-se para aqui vindo de Potenza. Claro, uma boa distância! Não serão fáceis para eles os primeiros dias. Têm um filho da idade de Elio, poderia convidá-lo para vir aqui em casa algumas tardes

Giulia deu-se conta de que Carlo, deitado no sofá, já estava adormecido.

- Olha vamos para cama amor - lhe sussurrou acordando-o carinhosamente.

Segundo Capítulo

Obcecava-o com um sussurro gélido

Elio estava parado no passeio em frente da escola. Todos passavam velozes como uma flecha em volta dele, lançando-se para os carros dos pais ou então caminhando em grupo pela rua que dava a casa. Ele, na esperança que a mãe não tivesse ido embora depois da conversa com o professor de italiano, olhava atordoado para a direita e para a esquerda, como quem está a procura da salvação representada pelo automóvel da mãe.

O largo da escola ficou vazio em pouco tempo e Elio teve que resignar-se e dirigir-se para casa a pé. Não era do seu agrado mover-se e ainda mais, regressar por aquela maldita alameda de tílias, que separava a escola da sua casa.

Esperou ainda alguns minutos, depois encaminhou-se lentamente. Ordenou ao pé para levantar-se, algo que para alguém pode parecer simples, mas para Elio, que já há anos raramente comunicava-se com os seus membros, parecia uma barbaridade.

Começou o percurso virando para a esquerda pela rua do Corso e assim que descreveu a esquina, viu-se diante de um troço mais desagradável. A avenida estava calcetada por aquelas que, para qualquer pessoa, pareceriam maravilhosas tílias floreadas que, graças ao vento, espalhavam o seu perfume em todo o bairro. Passo após passo, com fadiga, encaminhou-se ao longo do renque de árvores, sentia a sensação desagradável de estar a ser seguido.

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