Huo Aderito Francisco - Um Quarto De Lua стр 6.

Шрифт
Фон

- olha como é burlesco? - disse passando-lhe.

- O que é que há de Burlesco? perguntou Elio.

- como o quê? - questionou Gaia - nao o reconheces?

- quem? - procurou saber ainda Elio.

- O papá! - exclamou Gaia.

- Papá? Tens razao, trajado desta maneira nao o tinha reconhecido, assemelha um pouco a Libero. está vestido da mesma maneira!

finalmente, depois de tanto tempo, escapou-lhe um sorriso. Gaia, no entanto, folheava com curiosidade as outras fotos.

- viste esta? parece Libero quando rapazote, está tao sério e amuado que quase nao se reconhece.

Na foto via-se uma criança, franzina, com o olhar fixo no vazio, palido e inexpressivo.

- Parece que tenha sido sequetrado pelos alheios - comentou Gaia.

a imagem o figurava no jardim, mantinha bem seguras na mao as suas pequenas maquinas. tinha sido tirada ao anoitecer, com o pôr do sol às suas costas, à sua longa sombra ladeava uma segunda, mas a criança estava apenas na foto.

Elio começou a fixá-la e apontou preocupado:

- Vés esta sombra?

- Qual?

Elio começou a agitar-se:

- Esta, nao vés? Esta cuja nao corresponde a nenhum corpo - disse indicando-a.

- Esta? estás enganado, provem da arvore.

embora nao estava convencida pela perspectiva, Gaia tentou tranquilizá-lo.

Elio nao queria parecer-lhe doido e, para evitar de retomar o assunto, encarou de frente o motivo pelo qual encontrava-se ali.

- Devemos descer, a tia tinha-me mandado para chamar-te, precisa de ajuda para o jantar.

- tu ficas aqui? - perguntou-lhe Gaia saltando para cima como um grilo e dirigindo-se para as escadas.

elio imaginou que nao ficaria nem sequer sonhando lá em cima sozinho.

- não, desço contigo - respondeu.

Gaia encontrou a tia atarefada a preparar o jantar e começou a ajudá-la.

Elio estava para dobrar as pernas e atirar-se no sofá quando chegou a voz de Ida.

- o que fazes? levanta, anda, venha ajudar, nao é ainda hora para repousar, prepara a mesa.

- Onde está Libero? - perguntou Gaia.

- Certamente está a terminar de fechar os currais - respondeu Ida - Elio, se terminaste, por que nao vais chamá-lo?

- vou eu - ofereceu-se Gaia feliz.

- Nao, ainda preciso de ti aqui, deixa que vá o teu irmao.

- sim, respondeu exausto Elio, que estranhamente tinha um apetite de leao.

saido da porta de casa, olhou por aí para tentar ver o primo, estava nos campos, sentado no tractor, estava a observar o céu.

elio aproximou-se gritando, parecia que naquele dia todos tivessem perdito a audiçao porque mesmo ele, como Gaia antes nao lhe respondiam.

Esperamos que seja contagioso assim perco eu tambem a audiçao e posso deitar-me sem responder a ninguem reflectia Elio.

Devia chegar até perto do veiculo para ter uma resposta.

- por que estás a gritar? - perguntou Libero.

- Ja devias estar dentro de casa, está na hora do jantar - respondeu Elio.

- Venha rapido - convidou-o como quem nao estivesse a ouvir o que estava a dizer.

- Eu lá em cima?

- sim, aqui em cima, quero mostrar-te uma coisa.

Elio subiu, Libero estreitou-se um pouco e sentaram-se juntos.

- Olha que maravilha! -exclamou Libero apontado o céu - imaginar que alguns anos atras nao conseguia vê-lo.

- O quê? - perguntou Elio procurando ver nao sei qual estranheza.

- O céu - repetiu.

- O céu?

- Sim o céu, é uma coisa lindissima, mas muitas vezes durante muito tempo da nossa vida nao erguemos a cabeça para observá-lo e nao tenciono observá-lo para ver o tempo que faz, mas admirá-lo em silencio, como faz-se com o mar, que estando numa posiçao favoravel aos olhos, é apreciado com mais frequencia. Tu nunca páras para observá-lo?

- nao.

- contudo deverias, é muito fortificante e coloca muitas coisas na justa prespectiva.

Elio espantou-se de tanta profundidade do primo e ficou em silencio com ele durante um pouco a fixá-lo.

do branco cegante até as tonalidades do fumo, as nuvens estavam suspensas entre as duas faixas do céu, céu plumbeo em baixo deles, céu turqui em cima, misto aos reverberos ocre de um sol ja quase a pôr-se que as iluminava tornando o seu cume dourado e dando a sensaçao de ser a luz de um outro mundo, ali a iluminar uma vida que sobre eles se desenvolvia. densas, como albumen montado em forma de neve, aquelas brancas, emporcalhadas, como no choro pictorico de uma criança de três anos, aquelas cinzentas.

entre todas distinguiam-se uma, com a forma de unicornio, que se perfilava no fundo branco como se o cinzento animal corresse nas brancas pradarias celestes. precisamente como num afresco do Tiepolo, este sotao desfundado natural tendia ao infinito que existe além do visivel, ao misterio que faz sentir as nossas pequenas almas e ao mesmo tempo eternas.

libero de repente saltou para baixo a partir do tractor.

- Agora tenho fome - disse rindo em voz alta.

- Tu nao tens Elio?

- Sim.

- entao salta para baixo e vamos comer, talves a proxima vez far-te-ei dar uma volta com o tractor.

e dirigiu-se para casa.

elio nao perdeu tempo e o seguiu, a fome voltava a fazer-se sentir.

Quarto Capítulo

como um mau pressagio, mormurava palavras numa lingua desconhecida

Elio levantou-se muito cedo, era inevitavel ceder à tia que continuava a chamá-lo com insistencia. fora era apenas a aurora, reparou para o céu que alvorecia e imaginaou novamente por um instante ao pôr do sol da noite anterior, à sensaçao de paz sentida naqueles instantes, mas durou pouco, as suas orelhas começaram a zumbir, um zumbido surdo, pungente, que rasgava a alma e o deixava atirar-se de novo na sua fria realidade.

Elio, arrastou-se ainda de pijama até à cozinha, esperando de despertar um pouco com o pequeno-almoço.

A tia, o primo e a sua irmã ja estavam vestidos e penteados como se fosse oito horas da manhã e nao apenas cinco e trinta! havia ar de festa, o seu primo Ercole teria voltado do campo de escutismo. Ida estava excitada pelo regresso do filho, tinha estado fora precisamente durante cinco dias, ficava sempre preocupada quando os seus filhos ficassem fora de casa por causa do incidente sucedido a Libero quando menino e nao quisera por acaso perdê-los de vista.

O sargento Ida, mal avistado o insubordinado Elio, expulsou-o imediatamente da cozinha para que fosse lavar-se e arrumar-se.

Ida era uma mulher forte, temperada pelas vicissitudes da vida. Depois da morte do marido e o problema com o filho, tivera que se adaptar a um estilo de vida completamente diferente daquele citadino, que tinha marcado a sua vida nos primeiros anos do matrimonio.

Dura e arrojada, tinha tomado a peito aquele novo desafio. mais que uma vez tinha-se encontrada sozinha a chorar pelo desespero, mas nao baixou a cabeça.

O seu ar de general nao devia enganar, dentro era mole como o coraçao de um suflê.

pouco depois Elio voltou vestido e quase arrumado, embora o humor era negro e a fome lhe acometia.

sentia o cheiro do leite e chocolate, mas sobretudo dos biscoitos gigantes feitos pela tia no dia anterior, que permanecera pelo ar.

Eram uns enormes pedaços de pão com leite em forma de tranças misturados com varios aromas: de canela, de anis e, para nao deixar faltar nada, as suas preferidas de sésamo.

A sua irmã e Libero já estavam a molhá-los no leite.

Libero perguntou-lhe:

- sabes quem volta hoje?

Elio espantou-se pela pergunta:

- quem? - respondeu.

- Ercole, o meu irmaozinho!

Elio nao disse nada mas tinha-se esquecido completamente do primo da mesma idade.

- Donde? - perguntou como se no dia anterior nao tivessem falado dele.

- Como donde? - respondeu Gaia - nos disse ontem a tia.

- Volta do campo de escuteiros - disse sorrindo Libero.

- Hoje o sotao vos espera - sugeriu a tia com um tom que nao admitia replicas - Mexa-se Elio, vê se acaba já o teu pequeno-almoço e põe-te ao trabalho. Gaia chegará para dar-te uma mao dentro de pouco tempo, agora preciso dela para uma incumbencia.

Ваша оценка очень важна

0
Шрифт
Фон

Помогите Вашим друзьям узнать о библиотеке

Скачать книгу

Если нет возможности читать онлайн, скачайте книгу файлом для электронной книжки и читайте офлайн.

fb2.zip txt txt.zip rtf.zip a4.pdf a6.pdf mobi.prc epub ios.epub fb3