Daniela Peruto - Atropos стр 7.

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No meio da manhã daquele dia a campainha de casa tocou.

“Quem é?”, perguntou ao interfone.

“Uma carta registrada. Tem que assinar.”

O carteiro.

Pagliarini desceu para a entrada do prédio, assinou, pegou o envelope e voltou para o seu apartamento.

O emitente era o Tribunal de Bolonha.

Assunto: aviso de comparecimento.

Abriu o envelope e descobriu que deveria se apresentar depois de duas semanas exatas às dez e que, se não tiver encontrado pessoalmente um advogado para a defesa, lhe seria dado um de ofício.

Apoiou o envelope na mesinha da sala, depois ligou para o seu advogado de confiança.

“Estamos no epílogo”, disse Pagliarini, depois que a funcionária encaminhou a chamada para o escritório do advogado.

“Basta permanecer calmos e você vai ver que saltaremos fora.”

O advogado já sabia de todo o caso, pois a tinha contado telefonicamente o próprio Pagliarini no dia antes quando tinha acontecido o incidente.

Vão me condenar, tinha dito, não tenho nenhuma carta para jogar, em minha defesa.

O advogado tinha tentado, também aquela vez, tranquilizar o seu cliente dizendo-lhe que teria encontrado algo que o teria ajudado pelo menos a chegar a uma pena reduzida, se não até mesmo só ao pagamento de uma multa. Mesmo se percebia que teria sido uma coisa pouco agradável de contar aos parentes da vítima.

Vamos conseguir, repetiu o advogado, vai ver que conseguiremos.

Logo o teria descoberto: aquele dia estava para chegar e Davide Pagliarini estava muito preocupado, apesar das palavras do seu advogado.

Concordaram para se encontrar no dia seguinte e falar melhor pessoalmente.

Quando Pagliarini e o advogado se encontraram no escritório deste último, em primeiro lugar fizeram um resumo do caso.

“Tinha saído da discoteca. Quando me encontrava nas avenidas do anel viário de Bolonha estava eufórico, pressionei o pedal do acelerador até o fim, sem perceber a velocidade que estava indo. Quando cheguei no cruzamento, onde o semáforo estava verde, atingi um rapaz que estava atravessando a rua na faixa de pedestres.”

“Aquela pessoa estava atravessando a rua, mesmo sabendo que naquele momento não deveria ter feito isso. O semáforo para pedestres devia estar vermelho, imagino.”

Pagliarini acena com a cabeça, esperando que a sua lembrança fosse real e não ofuscada pelas drogas.

“Então, viu, já encontramos um ponto à nossa vantagem.”

“Certo”, disse Pagliarini, “mas como faremos com o fato que eu dirigisse depois de tomar um daqueles malditos comprimidos? Maldição, eu nunca tomei elas, cai na conversa daquele fulano lá dentro, aquele que me deu ela. Ele me disse 'Você vai ver que se sentirá melhor' e eu me deixei convencer.”

O advogado meditou por alguns instantes.

“A questão do comprimido não depõe a seu favor”, disse, por fim, “mas de qualquer modo conseguiremos sair disso. Tem que confiar em mim.”

“Esperamos. E o que deverei fazer nestes dias? Alguma coisa em particular? Serve uma minha declaração?”

“Por enquanto não. Você dirá tudo no tribunal. Tente permanecer tranquilo e verá que tudo vai se resolver.”

“Conto com a sua experiência.”

“Muito bem. Agora, volte para casa e relaxe. Eu o contatarei de algum modo.”

“Agradeço muito.”

“De nada. É o meu trabalho.”

Depois de se despedirem, o advogado começou a pensar em como levaria adiante aquele caso no tribunal e Davide Pagliarini voltou para casa. Iria seguir o conselho que lhe tinha sido dado: relaxamento absoluto até o dia da audiência.

XII

De manhã cedo, naquele mesmo dia, Mariolina Spaggesi ouviu a campainha tocar, foi para o interfone e perguntou quem era.

“Flores para a senhora”, foi a resposta.

“Suba”, disse a mulher, começando a fazer suposições sobre o possível remetente daquele agradável presente.

Quando viu o florista com o maço de flores na mão, mudou de expressão.

“E..e..entre por favor”, disse, balbuciando, ao homem que estava à sua frente. Parecia que já o tinha visto, talvez era o florista que ficava um pouco afastado da sua casa, ao longo da mesma rua.

“Apóie ali em cima.”

O homem ultrapassou a entrada do apartamento, seguiu as indicações que acabara de receber, depois cumprimentou rapidamente dizendo que deveria voltar correndo para a loja porque estava sozinho e tinha deixado só um aviso na porta de entrada para informar aos clientes que iria voltar em poucos minutos.

Mariolina Spaggesi voltou a fechar a porta e foi rapidamente na direção do maço de flores que acabou de lhe ser entregue.

Um maço de crisântemos?, pensou.

Viu que sobre a película que envolvia as flores tinha sido colado um envelope de papel com os dizeres PARA MARIOLINA.

Abriu o envelope e dentro encontrou apenas um cartão de visita.

MASSIMO TROVAIOLI

Diretor de Marketing

Tecno Italia S.r.l.

A mulher sentiu um princípio de desmaio e teve que se sentar para evitar cair realmente.

Virou o bilhete e viu que no verso estava escrito ATÉ LOGO! com uma esferográfica.

Depois de alguns minutos se levantou da cadeira, pegou um copo e o encheu de água duas vezes. Precisava beber.

Enxaguou o copo, depois foi ao banheiro, refrescar o rosto.

Como podia ser?

Por uma crença popular que lhe tinha sido passada de alguma forma, ela havia sempre associado os crisântemos aos defuntos, e Massimo Trovaioli...

Pegou o telefone e discou 113.

“Estou sendo... perseguida...”, conseguiu dizer, quando alguém do outro lado da linha, lhe respondeu.

“Fique calma, senhora”, disse o agente ao telefone. “e se explique melhor.”

“Eu... estou sendo perseguida... por um morto!”

“É impossível. Tem certeza que está bem?”

“Sim. Sim, eu estou bem”, disse ela. “Estou sendo perseguida... por um morto!”, gritou.

“Onde mora?”, perguntou finalmente o agente, tentando ser rápida, “Vou mandar alguém.”

A mulher deu o próprio endereço e concluiu o telefonema implorando que fossem rápidos.

Quando chegaram dois agentes de patrulha, encontraram Mariolina Spaggesi em pânico.

“Tente tranquilizar-se, senhora. Gostaríamos que nos contasse tudo que está acontecendo”, explicou um dos dois agentes.

A mulher contou a eles do envelope recebido alguns dias antes e as flores recebidos aquela manhã.

“Quem é Massimo Trovaioli?”, perguntou um agente.

“O meu último ex.”

“E ele poderia ter alguma coisa contra você? Quando se deixaram, isso aconteceu de uma forma ruim?”

“Ele está... morto!”, gritou a mulher. “Ele é o... morto... que me persegue!”

Spaggesi continuava gritando, enfatizando sempre a palavra morto toda vez que a pronunciava.

“Desculpe-nos”, disse o outro agente, “Não nos está claro ainda este detalhe. Deve nos desculpar. Sentimos muito.”

“Não faz mal”, responde a mulher, depois de um momento de silêncio no qual tentou relaxar os nervos.

“Viu quem lhe trouxe estas flores?”, lhe foi perguntado, quando os dois agentes ficaram certos de ter passado o momento de impasse.

“Pareceu-me... o florista... aquele aqui em baixo, ao longo da rua San Vitale, mas não tenho certeza. Quando estou na rua, ando sempre tão rápido e não olho muito para as lojas.”

“Iremos verificar”, lhe garantiu um dos dois agentes de patrulha, voltando-se depois para o colega com um olhar de acordo. “Você, no entanto, deve permanecer calma. Vai nos prometer isso?”

“Vou tentar”, respondeu a mulher. “Vou tentar.”

“Bom. Nós nos empenharemos logo para esclarecer esta questão. Provavelmente foi um mal entendido.”

“Estou com medo”, disse a Spaggesi, “Façam alguma coisa, por favor”, implorou, como se não tivesse escutado as últimas palavras dos dois agentes.

“Tente se tranquilizar e beba um copo de água.”

O agente mais próximo da torneira da água, pegou o copo que encontrou ali ao lado, o encheu e o ofereceu à mulher.

Atropos

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Daniela Peruto
O que liga uma série de homicídios ocorridos em Bolonha e na província? Tratase de um serial killer ou outro? Descobrilo será dever do inspetor de Polícia Stefano Zamagni e seus homens.
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