Você vive entre Paris e Monte Carlo?
Na realidade, moro em Monte Carlo, e não perco a oportunidade para voltar para lá quando não trabalho, nos fins de semana, por exemplo.
Viaja sempre acompanhada com a sua agente?
Normalmente, não. Eu preciso dela quando tenho que trabalhar em paÃses que não conheço. Na Argentina, no Japão, na Austrália ou na Ãfrica do Sul. Nesses casos, existem muitos fãs e depois jornalistas, paparazzi...
São chatas todas estas viagens?
Não, porque adoro ler e com um livro o tempo passa sempre, mesmo de avião. E depois, é um trabalho, não férias!
Que tipo de livros costuma ler?
Principalmente os livros de arte. Prefiro o Impressionismo e a arte Pop. Gosto muito também da história, as biografias dos grandes homens. Li a de Cristovão Colombo. IncrÃvel!
Disseram que você é na metade Brigitte Bardot e na outra metade Romy Schneider-Sissi. Você se reconhece nestas duas modelos?
Sim. Mas não tanto fisicamente. Acho mais ter em comum com elas alguns aspectos do caráter, o estilo de vida... Acho extraordinária a Bardot, além de belÃssima: que caráter! Por Romy Schneider então tenho um espécie de adoração. Vi todos os seus filmes e foi terrÃvel quando morreu. Com uma vida tão infeliz...
à parte as desgraças, você gostaria de ser a nova Romy Schneider?
Vejo um outro belo elogio! Parecer com esta, aquela e aquela outra bela mulher. São todos elogios belÃssimos, mas eu quero ser principalmente eu mesma. Faço de tudo para ser eu mesma.
O que queria fazer quando adulta?
Não previa de forma alguma me tornar uma modelo. Teria querido me tornar uma advogada.
Como seu pai?
Sim, teria ido trabalhar com prazer no seu escritório de advocacia. Depois, todos os meus programas foram para o espaço. Quando percebi da sorte que tinha tido, decidi renunciar.
A sua história parece uma fábula dos anos Noventa. E os momentos difÃceis?
Existem, claro. Mas, por exemplo, nunca me sinto inadequada...
Qual é o segredo?
Muita disciplina. E depois, a capacidade de estar com os outros. Gosto de ficar no meio das pessoas. Gosto de responder com presteza ao tiro cruzado dos jornalistas nas conferências de imprensa. à como um desafio. Não tenho medo, é isso.
Só uma questão de disciplina?
Também um grande equilÃbrio. E nesse sentido, é fundamental a educação recebida em famÃlia: isso me ajudou muito. Formou o meu caráter dando-me segurança, praticidade e equilÃbrio. E não perder o domÃnio da situação nos momentos mais complexos. à mérito dos meus pais se agora, por exemplo, sei falar em público sem timidez.
De acordo com a mÃdia, os seus amores nascem e mudam rapidamente, hoje Alberto de Mônaco, amanhã Julio Boca. Qual é a verdadeira Claudia?
A verdadeira Claudia é uma garota com muitos amigos. O prÃncipe Alberto é um desses, outro é Julio Boca. Mas depois, há também Placido Domingo ou Peter Gabriel e muitos outros personagens públicos. Assim, quando apareço em alguma fotografia junto a eles, a imprensa de todo o mundo os transforma imediatamente em namorados! Mas não é verdade.
Mas, no seu futuro, existe um namorado, um marido, filhos?
Estou super disposta a me apaixonar e logo ainda. Mas por enquanto não tenho nenhum companheiro pelo simples motivo que não me apaixonei por ninguém.
O que olha mais em um homem?
Não tenho um tipo estético ideal. A primeira coisa que vejo é o caráter e, principalmente, o senso de humor. A um homem peço que tenha fascÃnio, de me conquistar com a inteligência, com a cabeça, enfim. Que saiba o que e a ironia e que saiba ensiná-la a mim. Se não se consegue rir, na vidaâ¦
à difÃcil ser seu namorado â¦
Todos os companheiros das pessoas famosas devem ter um caráter forte. Eu gosto dos homens de caráter, mas que sejam também sensÃveis. Para andar por aà comigo, é preciso suportar o barulho, as intrusões, as fofocas, os jornalistas...
Tem sentimentos de culpa?
Como assim?
Bem, parece que você tenha tudo: beleza, celebridade, dinheiroâ¦
Eu acho que tenho sorte, isso sim, agradeço a Deus e aos meus pais que fizeram nascer assim. Por isso, quando posso tento fazer algo útil, social.
Na moda, porém, não há só os bons sentimentos. Há também a droga, o álcool, as rivalidades â¦
Droga e álcool não me interessam. Os ciúmes, esses sim, mas não os entendo. As modelas têm fÃsico, caráter e mentalidade tão diferentes que, ao meu ver, há lugar para todas. E também, sempre há lugar para todas. E depois não é necessário ser belÃssimas. Cada mulher tem algo de bonito. à preciso só valorizá-lo.
O que é necessário para conseguir?
Principalmente, caráter, porque existem tantas garotas bonitas no mundo... Depois educação, personalidade e disciplina.
Disciplina alimentar também?
Não demais. Não e não tomo bebidas alcoólicas, mas só porque não gosto. Não como muita carne porque acho que não faz bem à saúde e estou atenta às gorduras. Porém, adoro chocolate... Ah! também a Fanta naturalmente! (ri ).
Que relação tem com dinheiro?
Não é a coisa mais importante, mas me permitirá, no futuro, fazer o que desejo. Dinheiro é liberdade.
O que significa para você a palavra sexo?
Para mim? (parece realmente surpresa ).
Sim, para você
Bem, uma coisa que acontece naturalmente entre duas pessoas apaixonadas uma pela outra. Ã isso.
Acredita possuir uma grande carga erótica ou, ainda, sensual?
Absolutamente.
Absolutamente não?
Absolutamente sim!
4
Gong Li
Encantada pela lua
No inÃcio de 1996, eu tinha há pouco iniciado o meu encargo de correspondente do Extremo Oriente e com outros amigos jornalistas, saia com colega do Time em Hong Kong, John Colmey. John me colocou em contato com o empresário da belÃssima atriz chinesa Gong Li, através da qual consegui ter uma entrevista exclusiva para Panorama , no set do filme que estava gravando, próximo à Xangai.
*****
Em Suzhou, à s margens do Lago Tai, cem quilômetros a oeste de Xangai, Chen Kaige está para gravar uma das últimas cenas do seu esperado filme Temptress Moon , três anos depois do sucesso mundial de Addio mia concubina . Os assistentes correm entre as mais de duzentas participações em trajes dos anos Vinte que enchem o cais do porto, as mulheres usam o caracterÃstico cheongsam em seda, alguns cavalheiros leem sentados em um banco e, no fundo, os operários do porto carregam as mercadorias no navio. Está sendo gravado um grande adeus: Gong Li, que no filme é Ruyi, a bela e viciada herdeira de uma riquÃssima famÃlia de Xangai na qual ocorrem incestos, ritos opiácios e traições cruzadas, está para partir para Pequim junto ao prometido cônjuge, Zhongliang: Leslie Cheung, o ator de Hong Kong já ao seu lado em Addio mia concubina .
No banco, está o amigo de infância Duanwu (interpretado pela promessa do cinema de Taiwan, Lin Chìen-hwa), que desde sempre ama Ruyi em segredo: «Deve pensar: é a última vez que a vejo, a última vez! Isso se deve ler no seu vulto, é aquilo que quero ver!» recomenda-lhe Chen Kaige, quarenta e seis anos, casaco de pele e jeans pretos. «Bem... Yu-bei ... (prontos, ndr) ... Action !». Quando Lin Chien-hwa se vira para olhar o navio que parte, nos seus olhos se lê a dor. « Okay! » grita Kaige satisfeito. à a última claquete do dia.
Depois de mais de dois anos passados reescrevendo o roteiro, Kaige está trabalhando duro para preparar o seu filme para a participação do Festival de Cannes, em maio. Número um do cinema chinês dos anos Noventa, filho da arte (seu pai, Chen Huaiâai, era um monumento do cinema do pós-guerra), Chen Kaige é famoso por obter o máximo dos seus atores, colocando à s vezes à dura prova a sua paciência. E aquela do governo chinês, que por anos proibiu, cortou e censurou os seus filmes, até que teve que reconhecer, no fim, a estatura de mestre do cinema contemporâneo.